RESENHA: Como Eu Era Antes de Você

                    Nome Original: Me Before You                        

Autor(a): Jojo Moyes

Editora: Intrínseca

Ano: 2012

Páginas: 318

Onde Comprar: Saraiva, Submarino, Livraria Cultura, FNAC, Book Depository

A vida é ótima para Will Traynor. Mora sozinho em Londres, tem uma belíssima namorada, é diretor executivo em uma empresa e tem muito, mas muito dinheiro no bolso. Tudo vai muito bem até o momento em que uma moto o atinge enquanto tentava pedir um táxi em uma tarde chuvosa.

A vida de Louisa Clark também é ótima. Pode não ter muito dinheiro no bolso e morar em uma cidade do interior da Inglaterra com seus pais, irmã, sobrinho e avô doente, mas também tem um namorado – um corredor extremamente fissurado no que faz – e é muito feliz com o trabalho que tem: é garçonete em um café.

As vidas dois se cruzam quando Louisa se vê com 26 anos e sem emprego. Após muita procura e perceber que está um pouco atrasada no quesito “qualificações profissionais” ela encontra um trabalho temporário com um salário pra ninguém colocar defeito. Ela vira cuidadora.

Pensando que teria que se adaptar à rotina de um idoso debilitado por alguma doença, Lou se surpreende com Will e seus trinta e poucos anos preso em uma cadeira de rodas. O acidente o deixou tetraplégico. Amante de esportes radicais, ele se torna uma pessoa amargurada e indiferente a qualquer um que se aproxime.

Para mim, história até aí era um mexido de clichês. Eu comprei o livro por três motivos: 1. por que estava barato; 2. amo um romancezinho, 3 por que me lembrou uma fanfic que eu tinha lido anos atrás (não lembro o nome, sorry)! Nunca tinha lido nada de Jojo Moyes, mas sei que muitas pessoas amam as histórias dela. Resolvi arriscar.

Enquanto lia me lembrei  de quando era mais nova e ansiava por ter um pouco de autonomia para tomar decisões próprias sobre a minha vida. Acho que essa é a grande vontade da maior parte das pessoas com menos de 18 anos: escolher por si mesmo o que quer fazer ou que caminho seguir. Will sente que perdeu esse poder e não consegue se adaptar psicologicamente a essa nova situação chegando até a uma tentativa de suicídio que ocorre antes da chegada de Louisa. Ele desiste de viver.

Se esse livro fosse um projeto científico, a pergunta-problema dele seria: Afinal, até que ponto a pessoa tem autonomia sob sua própria vida? Will faz a própria família prometer levá-lo a uma clínica de eutanásia assistida na Suíça caso ele ainda prefira morra do que viver no final de seis meses. Sua última escolha: viver ou morrer. Esse é o papel de Louise, fazê-lo optar por viver. Para isso, ela monta um calendário com atividades quase diárias que podem despertar em Will a vontade de encarar a vida como ela é.

O desenrolar da narrativa me pegou de surpresa.  Em Como Eu Era Antes de Você vemos Louise fazer de tudo para mostrar a Will que ainda há motivos para viver, que a vida ainda pode ser boa e que sempre há uma saída. O livro tenta retratar, com a maior fidelidade possível, como é difícil a vida, para todos, independente da situação. As coisas ocorrem com muita naturalidade, ponto positivo para Moyes. A relação de Lou e Will avança em um ritmo lento que torna tudo muito mais delicado. Nada de amor à primeira vista! Existe convivência, conversas, troca de experiências que fazem os dois se aproximarem gradativamente.

Ainda assim senti que algo faltou. O foco da autora é o crescimento de Louisa como pessoa e como profissional, coisa que Will passa o livro inteiro incentivando, afinal, ela tem potencial. Mas acho que uma história como essa merecia uma atenção especial em Will. Em todo o momento tive aquela sensação de que eu não conhecia William Traynor. Tudo o que sei dele é o que Lou sabe, o que não foi o bastante para me ligar ao personagem. Não foi suficiente para agregar a carga emocional que, querendo ou não, é necessária em um livro assim.

Não me entendam mal, não estou falando de "fazer chorar", até por que pessoas mais sensíveis vão derramar lágrimas atrás de lágrimas de qualquer forma durante a leitura. Me refiro àquela complexidade emocional que assuntos como eutanásia demandam. Achei que o assunto foi tratado com certa banalidade no livro, sem o aprofundamento necessário e é por isso que ele levou a nota 3.5.

O final é satisfatório, daqueles que fazem você repensar alguns pré-conceitos e alguns paradigmas. No todo, o livro é bom. Não é extraordinário, mas com certeza agrega uma coisa ou outra no seu ponto de vista sobre o assunto. Com certeza é um choque de realidade!