RESENHA: Através do Universo

Nome Original: Across The Universe   

Autores: Beth Revis

Editora:  Novo Século

Ano: 2012

Páginas: 408

Nem tinha lido a sinopse do livro, não sabia absolutamente nada da história, mas queria ler por motivos de: a) capa maravilhosa, b) o nome! Toda vez que eu lia o nome em inglês cantarolava um pedaço da canção dos Beatles que leva o mesmo nome. Descobri que o livro se tratava de uma ficção-científica (depois percebi que isso um pouco óbvio, dã!), e decidi começar a lê-lo mesmo que esse não fosse meu estilo favorito.

Amy decide acompanhar os pais na nave Godspeed rumo a um novo planeta, o Terra-Centauri, mesmo sendo considerada carga dispensável. Isso quer dizer que ela não terá nenhuma função essencial para a construção desse novo planeta diferente dos outros tripulantes. A expedição durará 300 anos e para sobreviver a ela, os "passageiros" são criogenicamente congelados. O livro começa assim, com Amy sendo congelada e percebendo que não passaria os próximos séculos em um sono profundo. Na verdade, a maior parte do tempo ela está plenamente consciente.

50 anos antes do esperado, Amy é misteriosamente descongelada e acorda na Godspeed, a tal da nave que está a literalmente a caminho do mundo novo. A primeira pessoa que ela vê é Elder, um garoto de 16 anos que será o futuro líder da nave.  Amy só sobrevive ao processo de descongelamento por causa dele, por sinal. As câmeras de outros tripulantes congelados também são abertas, mas esses não sobrevivem ao processo o que faz Amy perceber que ela tinha sido vitima de uma tentativa de assassinato.

Enquanto tenta descobrir o autor de tais atos, a garota tem que aprender a viver nessa nova sociedade. A população de Godspeed, aqueles que nasceram na nave, é completamente alienada. Todos são fisicamente parecidos com a pele morena e cabelos e olhos castanho-escuros e possuem funções específicas na rotina da nave. Não gostam de mudanças e foram condicionados a repelir diferenças. Consequentemente, Amy com seus cabelos vermelhos, pele branca e histórias sobre a Terra, é rejeitada por quase todo mundo. Os artistas ou aqueles que pensam um pouco diferente da maioria são considerados "loucos" e colocados na área psiquiátrica do hospital.

São essas pessoas de Godspeed e a própria nave que fazem o mundo criado por Beth Revis ser um brilho nos olhos de quem ama ficção científica. Imaginem uma nave gigantesca com pastos para os animais, trailers, hospitais e etc. (na versão americana no livro tem um mapa bem detalhado da nave). E agora imaginem essa nave povoada por pessoas que nunca viram as estrelas, que respiram oxigênio reciclado, que têm uma época especifica no ano para fazer sexo, que nunca pisaram em um planeta. Tudo isso torna “Através do Universo” único.

No meio de toda essa loucura Revis conseguiu colocar um pouco de reflexão. Eldest é o líder atual da nave e tem métodos de governo bem discutíveis começando por propagar a ideia de que o diferente deve ser evitado. Enquanto treina Elder para ser seu sucessor ele dá alguns exemplos de lideres da Terra que, em sua visão, fizeram um bom trabalho para controlar a população nos momentos de crise. Só que as informações são distorcidas e os nossos vilões de hoje, são heróis para ele.  

A parte chata do livro ficou com o romance. Amy e Elder formam um casa bem fraquinho, quase nulo. Em defesa dos protagonistas, creio que as outras vertentes da história são tão complexas que o amor se perdeu um pouco. Outra coisa é que o vilão é meio óbvio, então um dos elemento-surpresa do enredo falhou. Em contra partida, os capítulos são contados pelos dois o que deixa o texto mais dinâmico.