12 de dez. de 2013

RESENHA: Bling Ring - A Gangue de Hollywood

postado por Unknown



Nome Original: Bling Ring                                         
Autor(a): Nancy Jo Sales
Editora: Intrínseca
Ano: 2013
Páginas: 268

Bling Ring é um livro diferente. Muitas pessoas podem estranhar ao lê-lo por que ele não é um romance, ou seja, não é uma história comum. O livro da jornalista Nancy Jo Sales é uma grande-reportagem. Isso quer dizer que ao folear as páginas o que você vai encontrar são algumas entrevistas feitas por ela e alguns dados históricos que se entrelacem com o assunto do texto. Isso pode tirar o prazo de algumas pessoas, mas não tirou o meu.

Em 2010, Nancy escreveu uma matéria para a Vanity Fair sobre as séries de assaltos que ocorreram nas casas de celebridades de Hollywood nos dois anos anteriores. Dessa matéria surgiu o filme dirigido por Sofia Coppola e estrelado por Emma Watson e, então, surgiu o livro escrito pela própria Nancy, como uma extensão da antiga reportagem. Mas por que tanto interesse nesses arrombamentos? Bom, além das vítimas serem famosas (Lindsay Lohan, Paris Hilton, Rachel Bilson, entre outros) os criminosos eram adolescentes da classe média californiana.

A “Gangue de Hollywood” era formada por cinco adolescentes do estado de Calabasas. Nenhum muito rico, mas todos com padrões bons de vida e a maioria com familiares inseridos na indústria cinematográfica. Frequentavam boas escolas, moravam em boas casas e se esbarravam nas celebridades em shoppings e baladas. Nancy nos dá uma visão geral de como era a vida de cada um dele, mas principalmente de Nick Prugo – responsável por delatar o restante do grupo – e Alexis Neiers que, junto com a amiga Tess Taylor, protagonizavam comerciais, programas adultos e, por fim, conseguiram seu próprio reality show no canal E!



A todo o momento é mostrado pela autora que o principal motivo que levou esses jovens a cometerem esses arrombamentos foi a obsessão pela fama. Rachel Lee, outra integrante da gangue e pintada pelos outros como a idealizadora das invasões, é o principal exemplo de uma garota que quer a todo custo ter o mesmo estilo de vida das celebridades. Levar roupas, acessórios e artigos de decoração das casas desses artistas era como uma ida ao shopping. Não era pelo dinheiro, era pelo simples fato de querer ter.

Os capítulos se revezam entre as entrevistas feitas pela autora (com os adolescentes, seus amigos, advogados e policiais responsáveis pela investigação do caso), e as pesquisas que nos mostram que esse tipo de cultura obsessiva pela fama está muito enraizada nos Estados Unidos. O mais interessante é ver os integrantes da Bling Ring falarem – Nick e Alexis -  e perceber como a ideia surgiu e como ela se perpetuou por quase um ano. É por meio desses diálogos também que conhecemos mais das personalidades de cada um, o que é importante para entender por que eles achavam invadir a casa de outra pessoa normal.

As partes dos dados, porcentagens e fatos históricos são um pouco cansativas e algumas coisas não têm tanta relevância. Creio que Nancy tenha se perdido um pouco nessa questão já que ela vai desde os hits musicais de 2008/2009 que, segundo ela, ajudaram a reforçar a ideia de “pertencer a Hollywood”, até a cultura adolescente americana dos anos 60. Provavelmente nada disso estava na matéria original da Vanity Fair, então fiquei com a impressão de que ela precisava preencher algumas páginas e por isso se aprofundou tanto.

Outro ponto fraco do livro é ele se limitar a Nick e Alexis, que ganharam status de celebridade momentânea na época dos julgamentos. Ao final do livro, Nancy explica que tentou falar com Rachel Lee, seus advogados e parentes, mas todos se recusaram a dar depoimentos. Nesse tipo de caso não dá para culpar a autora, mas o livro ficaria muito mais interessante e enriquecido se trouxesse a visão de Lee. É ela que a jornalista e os outros integrantes dão a entender que tinha a mente mais fria e que achava tudo completamente normal. No momento das prisões, foi ela quem se preocupou em passar maquiagem para ser fotografada em seu melhor ângulo (tenso!).

Resumindo, o texto é bem jornalístico, mas Nancy soube adaptá-lo para diferenciar o livro da revista em qual trabalha. Por ter uma bibliografia vasta, a obra também se torna uma boa fonte cultural.



4 comentários:

  1. Janiiiis! Ainda não li o livro nem vi o filme. TENSO! Tô por fora. Mas vi algumas resenhas falando isso mesmo, de a autora precisar encorpar o livro, digamos assim, e por isso colocar umas coisas meio desnecessárias.
    Que bom que você voltou com o blog migs :))

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    1. Stre!!

      Pois é, o intuito do livro é ótimo, mas transformar uma reportagem em um livro não é tão fácil assim e acho que a autora percebeu isso enquanto fazia e teve que tirar "leite de pedra" pra encher as páginas!

      Kisses!

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  2. Oi, Jana

    Tudo bem?

    Conheci o seu blog por causa da Stela e achei uma graça! Esse ano também tentei ler Bling Ring; digo que tentei porque não fui além da metade. Achei que a autora começou a se repetir muito e fiquei com a sensação de que precisou escrever mais para atingir um certo limite de páginas, sabe? Me irritou um pouco.

    Também queria saber mais sobre o assunto do ponto-de-vista da Rachel Lee, mas é como você disse, não foi culpa da Nancy Jo, né?

    Sobre o filme, achei bem interessante. Os nomes foram mudados e fiquei com a sensação de que quem não leu o livro pode ter ficado com uma visão mais superficial do assunto. Ainda assim, gostei bastante :)

    Ótimo texto!

    Beijos

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    1. Oi, Michelle! Tudo ótimo e com você?

      Que bom que você veio visitar o blog!

      Sabe que eu comecei Bling Ring no começo do ano e larguei por esse mesmo motivo. Esse mês tentei dar outra chance, mas também fiquei com a sensação de que grande parte do texto foi forçado pra ocupar espaço. Senti muita falta da Rachel Lee, acho que daria um upgrade enorme no livro.

      Gostei do filme também, um ótimo trabalho da Sofia Coppola, só achei algumas atuações um pouco fracas.

      Beijos!

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O que acharam do post, borralhos? Me contem tudo, mas sem brigar, viu?

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