Editora: Intrínseca
Ano: 2013
Páginas: 268
Onde Comprar: Submarino, Saraiva, Livraria Cultura, FNAC,Book Depository
Bling
Ring é um livro diferente. Muitas pessoas podem estranhar ao lê-lo por que ele
não é um romance, ou seja, não é uma história comum. O livro da jornalista
Nancy Jo Sales é uma grande-reportagem. Isso quer dizer que ao folear as páginas
o que você vai encontrar são algumas entrevistas feitas por ela e alguns dados
históricos que se entrelacem com o assunto do texto. Isso pode tirar o prazo de
algumas pessoas, mas não tirou o meu.
Em
2010, Nancy escreveu uma matéria para a Vanity
Fair sobre as séries de assaltos que ocorreram nas casas de celebridades de
Hollywood nos dois anos anteriores. Dessa matéria surgiu o filme dirigido por
Sofia Coppola e estrelado por Emma Watson e, então, surgiu o livro escrito pela
própria Nancy, como uma extensão da antiga reportagem. Mas por que tanto
interesse nesses arrombamentos? Bom, além das vítimas serem famosas (Lindsay
Lohan, Paris Hilton, Rachel Bilson, entre outros) os criminosos eram
adolescentes da classe média californiana.
A
“Gangue de Hollywood” era formada por cinco adolescentes do estado de Calabasas.
Nenhum muito rico, mas todos com padrões bons de vida e a maioria com
familiares inseridos na indústria cinematográfica. Frequentavam boas escolas,
moravam em boas casas e se esbarravam nas celebridades em shoppings e baladas.
Nancy nos dá uma visão geral de como era a vida de cada um dele, mas principalmente
de Nick Prugo – responsável por delatar o restante do grupo – e Alexis Neiers
que, junto com a amiga Tess Taylor, protagonizavam comerciais, programas
adultos e, por fim, conseguiram seu próprio reality show no canal E!
A
todo o momento é mostrado pela autora que o principal motivo que levou esses
jovens a cometerem esses arrombamentos foi a obsessão pela fama. Rachel Lee,
outra integrante da gangue e pintada pelos outros como a idealizadora das
invasões, é o principal exemplo de uma garota que quer a todo custo ter o mesmo
estilo de vida das celebridades. Levar roupas, acessórios e artigos de
decoração das casas desses artistas era como uma ida ao shopping. Não era pelo
dinheiro, era pelo simples fato de querer
ter.
Os
capítulos se revezam entre as entrevistas feitas pela autora (com os
adolescentes, seus amigos, advogados e policiais responsáveis pela investigação
do caso), e as pesquisas que nos mostram que esse tipo de cultura obsessiva pela
fama está muito enraizada nos Estados Unidos. O mais interessante é ver os
integrantes da Bling Ring falarem – Nick e Alexis - e perceber como a ideia surgiu e como ela se
perpetuou por quase um ano. É por meio desses diálogos também que conhecemos
mais das personalidades de cada um, o que é importante para entender por que
eles achavam invadir a casa de outra pessoa normal.
As
partes dos dados, porcentagens e fatos históricos são um pouco cansativas e algumas coisas não têm tanta relevância. Creio que Nancy tenha se perdido um pouco nessa questão
já que ela vai desde os hits musicais
de 2008/2009 que, segundo ela, ajudaram a reforçar a ideia de “pertencer a
Hollywood”, até a cultura adolescente americana dos anos 60. Provavelmente nada
disso estava na matéria original da Vanity
Fair, então fiquei com a impressão de que ela precisava preencher algumas
páginas e por isso se aprofundou tanto.
Outro
ponto fraco do livro é ele se limitar a Nick e Alexis, que ganharam status de
celebridade momentânea na época dos julgamentos. Ao final do livro, Nancy
explica que tentou falar com Rachel Lee, seus advogados e parentes, mas todos
se recusaram a dar depoimentos. Nesse tipo de caso não dá para culpar a autora,
mas o livro ficaria muito mais interessante e enriquecido se trouxesse a visão
de Lee. É ela que a jornalista e os outros integrantes dão a entender que tinha
a mente mais fria e que achava tudo completamente normal. No momento das
prisões, foi ela quem se preocupou em passar maquiagem para ser fotografada em
seu melhor ângulo (tenso!).
Resumindo, o texto é bem jornalístico, mas Nancy soube adaptá-lo para diferenciar o livro da revista em qual trabalha. Por ter uma bibliografia vasta, a obra também se torna uma boa fonte cultural.
Janiiiis! Ainda não li o livro nem vi o filme. TENSO! Tô por fora. Mas vi algumas resenhas falando isso mesmo, de a autora precisar encorpar o livro, digamos assim, e por isso colocar umas coisas meio desnecessárias.
ResponderExcluirQue bom que você voltou com o blog migs :))
Stre!!
ExcluirPois é, o intuito do livro é ótimo, mas transformar uma reportagem em um livro não é tão fácil assim e acho que a autora percebeu isso enquanto fazia e teve que tirar "leite de pedra" pra encher as páginas!
Kisses!
Oi, Jana
ResponderExcluirTudo bem?
Conheci o seu blog por causa da Stela e achei uma graça! Esse ano também tentei ler Bling Ring; digo que tentei porque não fui além da metade. Achei que a autora começou a se repetir muito e fiquei com a sensação de que precisou escrever mais para atingir um certo limite de páginas, sabe? Me irritou um pouco.
Também queria saber mais sobre o assunto do ponto-de-vista da Rachel Lee, mas é como você disse, não foi culpa da Nancy Jo, né?
Sobre o filme, achei bem interessante. Os nomes foram mudados e fiquei com a sensação de que quem não leu o livro pode ter ficado com uma visão mais superficial do assunto. Ainda assim, gostei bastante :)
Ótimo texto!
Beijos
Oi, Michelle! Tudo ótimo e com você?
ExcluirQue bom que você veio visitar o blog!
Sabe que eu comecei Bling Ring no começo do ano e larguei por esse mesmo motivo. Esse mês tentei dar outra chance, mas também fiquei com a sensação de que grande parte do texto foi forçado pra ocupar espaço. Senti muita falta da Rachel Lee, acho que daria um upgrade enorme no livro.
Gostei do filme também, um ótimo trabalho da Sofia Coppola, só achei algumas atuações um pouco fracas.
Beijos!