Uns
bons doze anos atrás minha vida mudou de repente, e foi para melhor. Nem a
minha memória muito fraca deixou com que eu me esquecesse daquele dia. Eu era
uma criança tímida, quieta que preferia mil vezes ficar em casa lendo alguns
dos poucos livros ilustrados que eu tinha em casa, ou rabiscando alguma coisa.
Deve ser por isso que meu pai teve uma ideia brilhante aquela noite. Me lembro
perfeitamente de ter chegado em casa e ouvir meu pai cheguei “tem um presente lá em cima da sua cama”
Presente!
A palavra mais querida por todas as crianças, seguidas de perto por “doces” e a
sequência “não precisa ir pra escola amanhã”. Sai correndo e me deparei com uma
sacola de uma livraria em cima do edredom. Já tirei o presente do embrulho na
hora mesmo e o olhei de ponta a ponta. Vira pra lá, vira pra cá. Analisa a capa,
frente e trás. Lê o título, lê o nome do autor.
“Harry Quem?”
Meu
pai me seguiu até o quarto e me explica que queria me dar um livro, mas não
sabia qual por isso ele pediu ajuda para o funcionário da tal livraria que
acabou indicando esse. “Tá fazendo bastante sucesso com as crianças lá fora”.
Ah, moço! Como eu queria saber o seu nome, afinal você também faz parte dessa
montanha-russa que foi e é Harry Potter na minha vida.
De
lá pra cá foram vários risos e choros. No começo, várias noites sem dormir com
medo do tal Lord Voldemort que é um baita de um vilão para uma menina de 11
anos! Muita pressão e tortura psicológica em cima dos pais para comprarem os
livros, caríssimos, assim que fossem lançados por que eu precisava ler mais e mais. E quando não dava pra esperar a versão traduzida,
comprava a versão em inglês mesmo sem nem saber direito o verbo “to be”.
Mas
é difícil explicar o que foi aquilo que mudou não só a minha, mas a vida de uma
geração inteira. Não adianta querer entender, precisa viver. Mas o tempo já
passou, infelizmente. Por mais que as pessoas continuem descobrindo o mundo
mágico de Hogwarts a cada dia, nada será como os anos passados.
E
eu vejo pessoas falando “ah, mas nem é
tão bom assim”. Pra mim é e sempre será genial, mas tudo bem! Isso é o de
menos. A questão é que eu e milhares de pessoas entre 18 e 25 anos temos uma
dívida eterna com um livro. Um livro que conseguiu por uma vírgula na frase “crianças
não leem”. Nós estávamos lendo! Livros de no mínimo 250 páginas
Se
agora eu leio Saramago, Jane Austen, Nicholas Sparks ou qualquer outra coisa
que você ponha na minha frente é graças a J.K Rowling. E aos meus pais. E ao
moço da livraria!
Um amor eterno por leitura que começou assim:
"O Sr. e a Sra. Dursley, da rua dos Alfeneiros, nº4..."
Nossa fiquei emocionada com o seu post, tenho 28 anos e me sinto exatamente assim, comecei a leitura um pouco mais tarde, com 13 anos, e com dedicação terminei os livros, que tamanha a criatividade da autora, embora livros com no mínimo umas 150 pags, não enfadavam, eu queria mais, mais, mais...
ResponderExcluirMeus pais não tinha condição financeira de comprar a coleção (ganhei o primeiro livro na escola), aos 16 anos eu comprava nos sebos, ou lia emprestado de algum amigo, hoje aos 28, tenho a coleção completa, novinhos (adoro o cheirinho de livro novo...), fiz questão de comprá-los... Hoje posso dizer que tive uma adolescência melhor por causa dos livros da JK, e igual a você, leio Saramago, pq um dia li Harry Potter...