23 de fev. de 2015

Premiações, por que nos importamos tanto?

postado por Unknown


De tudo o que se é feito diariamente, quantas coisas são realmente reconhecidas? Sugiro que poucas. E aqui, nem chego a filtrar entre coisas boas ou ruins. Somando as duas categorias o resultado ainda é pouco. E o reconhecimento, estranhamente, anda lado a lado com o sucesso quando paramos para pensar o que queremos atingir profissionalmente. Muitas vezes os dois são até confundidos, mas, como já se é sabido, são coisas diferentes e difíceis de atingir.

Esse questionamento me surgiu quando me vi assistindo milhares de filmes que estão concorrendo a prêmios esse ano. Não só assisti, mas como prestei atenção em detalhes, cenários, diálogos, sequências e gestos como se fosse eu quem escolheria o vencedor. Eu queria me sentir parte dessa grande glamorização das artes e da qual eu não faço parte.

Todo começo de ano é assim, entre janeiro e fevereiro premiações acontecem na terra do Tio Sam. Os Estados Unidos é palco para diversas noites em que trabalhos considerados exemplares e impecáveis do mundo do cinema, TV e música são prestigiados. É tudo muito lindo e fora dessa nossa realidade de “horário comercial”. Tudo televisionado pra os sete bilhões de pessoas que existem; quem quiser ver é só ligar a televisão na hora. Pena que assustadoramente milhões de pessoas - ou mais - dentre esses bilhões não têm acesso a uma televisão.

Mas enfim, começa lá no “Red Carpet”, tapete vermelho aqui para gente, com todas aquelas pessoas bonitas e ricas, desfilando peças e acessórios que poderiam pagar facilmente todas as minhas despesas do mês e ainda sobrava um troquinho para, por exemplo, ir a um bom cinema conferir um dos filmes indicados.  Mas a questão é que todas essas pessoas bonitas e ricas fizeram alguma coisa pra estar lá, ela não estão lá só por que são bonitas e ricas. Arrisco em dizer que elas são bonitas e ricas exatamente por estarem lá. Elas trabalharam e estão sendo reconhecidas. Que sorte a delas, não?

Essas pessoas do tapete vermelho são reconhecidas até mesmo por nós, que disponibilizamos algumas horas da nossa vida apreciando o trabalho delas e mais algumas horas sentados assistindo esses eventos que podem ser considerados um UFC do show business, só quem sem pancadaria.

Além de assistir, ainda ficamos revoltados quando aquela música boa que toca em todos os comerciais não é levada a mérito, ou quando aquele ator, que faz a série engraçadinha que a gente assiste quando chega em casa do trabalho, não ganha. Nessa hora todos somos críticos, mas por quê? Porque todos sabemos como é nadar e morrer na praia. Ou nadar e ser puxado para as profundezas por um ou dois tubarões. Ou velejar por anos até que um vento forte naufrague o barco à apenas alguns metros da terra prometida. Todo mundo já passou por isso. Todo mundo passa por isso. Todo mundo quer reconhecimento e ver alguém sendo reconhecido por alguma coisa satisfaz.

E por mais que seja envolto de todo glamour possível, o que nós vemos nessas premiações nada mais é do que isso. Uma versão “goumertizada” da nossa frustração e da nossa vontade de ser.  Por isso nos deixamos ficar angustiados e, por que não, tristes por alguns segundos pelo os que perdem e quereremos compartilhar um pouco da felicidade dos que ganham mesmo que nenhuma das duas coisas interfira em nada em nossas vidas.

Mas quem disse que precisa interferir ou ter alguma relação conosco? Já que não há um prêmio para quem acorda às cinco da manhã e volta pra casa às dez da noite, ou tapete vermelho para quem tem que se dividir entre dois empregos e uma faculdade caríssima, nós compartilhamos a noite deles. Por que reconhecimento em qualquer nível é algo praticamente escasso, tanto que parece até pecado querer um pouco. Talvez por isso seja tão interessante ver todas aquelas pessoas bonitas e ricas. Não pode ser só pela pompa, mas sim pela circunstância. Aquela circunstância que outras profissões ou outros mortais não têm, mas que podem apreciar. E se pudermos opinar, melhor ainda. 


0 comentários:

Postar um comentário

O que acharam do post, borralhos? Me contem tudo, mas sem brigar, viu?

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...