Editora: Galera Record
Ano: 2014
Páginas: 384
Sinto-me
um peixe fora d’água, um animal em extinção quando leio alguma coisa que todo
mundo acha sensacional e eu simplesmente não consigo gostar. “Um Caso Perdido”
é um exemplo gritante disso. O novo livro de Colleen Hoover tem tudo pra ser o novo queridinho dos amantes da categoria Young Adult's mais dramáticos. Na verdade, ainda não
consigo decidir se o livro é um YA muito forte ou um New Adult com
protagonistas adolescentes.
Sky está em seu último ano do colégio quando conhece Holder, um garoto com uma reputação
tão ruim quanto a dela. Sky é conhecida pela quantidade de garotos com que ela
se envolveu (apesar de nunca ter ido para os "finalmentes" com nenhum deles), já a Holder tinha sido acusado de um crime de ódio.
Não demora muito para os dois se conhecerem e começarem a se relacionar.
Os
dois são personagens com muitas facetas e muitos segredos. Holder muda de
temperamento rápido e acaba de perder uma pessoa bem próxima. Sky mora com a
mãe adotiva que a privou a vida inteira de qualquer item tecnológico (ela não
tem TV, celular ou internet).
Na
primeira metade do livro, os capítulos nada mais são do que uma compilação de
cenas dos dois interagindo e se apaixonando. E foi aí que eu comecei a me cansar. A essa
altura, já dava pra saber o foco principal do livro e perceber que tinha alguma
coisa de errado com Sky. A ideia de Colleen é boa e, pelo menos dentre os
livros que já li, inédita. Mas a genialidade do enredo se perdeu nos diálogos.
Era como se eu tivesse lendo um Romeu e Julieta mal adaptado.
Entendi
que a autora tentou trazer o livro para um lado mais poético, mas também sem
tirá-lo do mundo dos YA’s (que costumam ter a linguagem mais simples e solta).
Realmente o texto é bem fácil de ler, o problema é o romance e tudo o que ele
envolve.
Para
começar, Sky e Holder juntos são criaturas completamente fora da realidade.
Gosto de romances que eu consiga visualizar na vida real. Não importa se a
história seja uma distopia ou autobiográfico, os personagens precisam ser reais. Precisam agir, pensar e falar de
acordo com suas idades e perfis. Isso se chamara verossimilhança e é o que
faltou nos dois protagonistas. Achei tudo forçado demais.
Isso
pode parecer apenas um detalhe para alguns, mas pra mim acabou estragando o
livro todo. Na segunda parte para o final a história da uma reviravolta genial.
Colleen mostra que é boa sim em construção de enredo. Descobrimos muito sobre o
passado de Sky e Holder e o livro fica mais pesado e denso, tocando em assuntos
mais delicados. Mas eu não conseguia levar nada a sério quando as declarações
de amor de três páginas apareciam. Ou
quando as descrições de beijos e toques ficavam cheias de metáforas dignas de Shakespeare.
Tive que parar a leitura algumas vezes por não aguentar mais aquela irrealidade.
Eu
gosto de coisas poéticas. Amo livros que possuem o texto nessa forma. O
problema é que esse estilo não coube em “Um Caso Perdido”. Adolescentes não
falam ou agem dessa forma, pelo menos não no cenário que ela criou. Acho que nenhum ser humano age como os dois protagonistas. Como disse, verossimilhança.
Holder é tão perfeito que eu quase me vi torcendo para ele fazer uma coisa horrível
e assim começar a se parecer mais conosco, reles mortais.
Para
mim um livro bom é aquele que tem uma história boa e original, personagens bem construídos
e diálogos interessantes e plausíveis. O livro de Colleen só tem a primeira
vertente e a falta dos outros dois é tão gritante que coloca nas sombras a
história que, em um texto mais condizente, tinha de tudo para virar uma dos
meus livros favoritos.
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